Um poema de Whitman sobre o Brasil

Posted in Uncategorized on abril 4, 2010 by fcaneves

A Christmas Greeting
by Walt Whitman
(1819-1892)

From a Northern Star-Group to a Southern. 1889-’90.

WELCOME, Brazilian brother—thy ample place is ready;
A loving hand—a smile from the north—a sunny instant hail!
(Let the future care for itself, where it reveals its troubles, im-
pedimentas,
Ours, ours the present throe, the democratic aim, the acceptance
and the faith;)
To thee to-day our reaching arm, our turning neck—to thee
from us the expectant eye,
Thou cluster free! thou brilliant lustrous one! thou, learning well,
The true lesson of a nation’s light in the sky,
(More shining than the Cross, more than the Crown,)
The height to be superb humanity

Bukowski is dead and I don’t drink anymore

Posted in Uncategorized on setembro 9, 2009 by fcaneves

Bukowski is dead and I don’t drink anymore. What else now?

The bad literature is over inside of me and Art has also come to an end.

Where are my utopias? My world, non existing, and I didn’t know it.

Would I rather live in a dream? Bukowski is dead inside of me.

Meanwhile Mister Pacman is doing his job pressing computer keys inside the windowless office room.

He comes from nowhere — everywhere. He wins.

How do I miss the poor immigrant spilling his ink with a bottle of Irish brandy on his other hand. Bukowski is dead and I don’t know for how long the world has ended.

The bad literature is gone. The good taste has gone too.

The Marble has turned into plastic and the plastic into technology.

And I must go on. Despite everything. Go on and … on. Because I keep going on.

A Pornografia no Planeta VoNGT

Posted in Uncategorized on abril 16, 2009 by fcaneves

No planeta VoNGT, desvelado no final do século 20 pelo  grande explorador  Kurt Vonnegut, toda fauna e flora foram destruídas pela poluição. A civilização de humanóides de lá, estes muito similares aos humanos da Terra, era cientificamente muito avançada, a ponto de tornar comestíveis e nutritivos os únicos recursos naturais que sobraram naquele planeta: O carvão e o petróleo. A despeito da proesa científica e do orgulho de todos os cidadãos de VoNGT terem aniquilado com a fome, a comida à base de carvão e petróleo era considerada monótona demais por todos, e ainda por cima suja, escovar os dentes era um problema.

Um belo dia, um astronauta terráqueo quis confirmar a descoberta de Vonnegut e pousou no Planeta VonNGT. Ele logo se enturmou com os humanóides da comunidade científica de lá, que, no melhor espírito de cordialidade, lhe ofereceram um – urg !!! – banquete de boas-vindas.

O assunto da conversa foi a censura. Os humanóides de VoNGT queixavam-se da quantidade de filmes sujos que infestava a cidade. Para onde se virava só se via cartazes vulgares de filmes pornográficos. A reclamação era em função de que nada podia ser feito contra aquilo, em nome da liberdade de expressão. Eles perguntaram ao astronauta terráqueo se a pornografia era um problema na Terra também. Ele respondeu:  “Mas é claro que é !” Os humanoides insistiram, “mas a pornografia da Terra é muito pesada?” O astronauta terráqueo falou: “Vocês não imaginam …”

A resposta do terráqueo soou ao mesmo tempo como um menosprezo ao problema de VoNGT e um desafio aos humanóides. Estes tinham a certeza de que os filmes  que o nosso astronauta desconhecia eram mais sujos. O nosso conterrâneo aceitou aliviado o convite para assistir a um filme pornô dos humanóides de VoNGT. O banquete de carvão e petróleo havia terminado.

A sala do cinema escureceu. No breu, antes das imagens,  primeiro ouviu-se arrotos, depois, alguns puns. “ainda bem que cinema não tem cheiro”, pensou nosso astronauta.

O filme começa. Um humanóide aparece em plano fechado e em slow-motion comendo uma pêra. A câmera fecha mais ainda o zoom.  A tela do cinema é toda preenchida, primeiro pelos lábios molhados, depois aparecem a língua e os dentes do ator. No clímax da ação um fio de saliva escorre da boca, através dos lábios molhados. A platéia se excita.

O filme continua, outra cena se desenvolve, é quase a mesma cena, só que desta vez o ator come uma jaboticaba. Vem outra, desta vez um garoto morde um picolé de chocolate. Os cicerones do terráqueo dizem “meu Deus !” Mais adiante no fime aparece uma cozinheira golpeando violentamente com uma faca um ramo de cebolinhas. “deve ser a cena de masturbação”,  refletiu o nosso conterrâneo. A platéia se desfez.

Depois de cerca de 2 horas, o filme acaba.  O nosso astronauta se pergunta: “O que é isso?”  

O bem e o mal e a moralidade humana

Posted in Uncategorized on março 10, 2009 by fcaneves

O bem e o mal existem dentro de cada um de nós. Eles não estão em nós em estado absoluto, mas todos nós somos um pouco dos dois. Dependendo da circunstância, escolhemos entre um e outro. O que diferencia o homem dos outros animais e o que lhe dá a característica de ser bom ou mau é um senso de moralidade que lhe é inerente. Ao contrário, por exemplo, do cachorro ou do cavalo, o homem a princípio sempre sabe quando está fazendo uma ação boa ou ruim.

Imaginemos uma pessoa andando pela rua, se ela desse uma bofetada num completo desconhecido, na opinião de todas as outras pessoas e inclusive na dela mesma, ela teria feito uma maldade. Ao contrário, se um cavalo, na banalidade de seu cotidiano, desse um coice numa pessoa, seria algo a se lamentar, mas não se poderia chamar o cavado de mau.

A moralidade é universal na humanidade. Ela não muda de cultura para cultura. Qualquer homem, de qualquer cultura, sabe igual ao outro o que é certo ou errado e o que é uma ação boa ou má. Um ato de crueldade qualquer seria considerado maldade em qualquer lugar do mundo. As leis podem até mudar de lugar para lugar, mas uma base de moralidade é comum a todos os homens. A aceitação deste princípio legitima, por exemplo, a prisão de um estrangeiro fora de seu país, mesmo que a sua ação imoral não fosse punida em seu país de origem.

O fato dos homens terem uma moralidade em comum não os iguala em suas ações. Significa apenas que eles têm um ponto de partida em comum para, a partir dele, fazerem as suas escolhas morais. Em determinada circunstância, alguns escolhem ser bons, outros escolhem ser maus. Em outras circunstâncias, as escolhas são feitas novamente. As escolhas nem sempre são livres: Pessoas podem agir de determinada forma porque são tementes a Deus ou porque temem represálias humanas, ou as escolhas podem ser limitadas por diversas contingências da vida.

As escolhas entre ser bom e ser mau são feitas quando interagimos com outras pessoas. Em todas as esferas da vida, interagimos com outras pessoas. Dessas interações nascem relações de poder, pode ser no âmbito familiar, do trabalho, ou em qualquer outro.

As pessoas para se manter no poder tendem a agir maquiavelicamente. Maquiavel em sua obra-prima O Príncipe diz que o objetivo principal de uma pessoa em posição de poder deve ser … se manter no poder. Ele lembra que um Príncipe deve agir de forma pragmática para se manter no poder, ou seja, sem pensar em imperativos morais. As ações devem ser sempre dissimuladas, às vezes cruéis, às vezes covardes, às vezes generosas quando se quer algo em troca. Não importa o valor moral delas, é irrelevante. Tudo deve ser feito para o Príncipe se manter no poder.

Quem opta por agir maquiavelicamente faz uma escolha legítima. Afinal, é melhor mandar que obedecer, e só manda quem tem poder. Obviamente, também existem desvantagens em agir desta forma, muitas, afinal, o senso de moralidade existe até no Príncipe maquiavélico, mas o ponto em que eu quero chegar é outro. Se Maquiavel fosse seguido por toda a humanidade, ela se auto destruiria.

A prescrição maquiavélica não pode ser adotada como uma máxima universal. Desta forma, outra forma de agir no relacionamento com o outro é agir de acordo com a regra de ouro moral, o imperativo categórico kantiano: aja de tal forma que a sua ação possa se tornar uma máxima universal. Outra maneira de dizer: trate os outros da mesma maneira que você e o resto da humanidade gostariam de ser tratados.

Esta também é uma forma de agir legítima, quem já fez uma viagem longa num avião lotado sabe que se as pessoas não pensarem nessa máxima universal a viagem não termina bem. O que impede essa máxima de ser mais adotada é o fato dela ser essencialmente desinteressada, você age assim porque você sabe que é correto, não porque você está visando um ganho próprio. Além do mais, ela requer uma consideração aos interesses alheios e até mesmo uma cessão de poder a outras pessoas, coisas difíceis de se fazer.

Este é realmente um tema muito interessante e complexo.

Obama e o sistema de poder norte-americano

Posted in Uncategorized on fevereiro 6, 2009 by fcaneves

Barack Hussein Obama é o novo Presidente dos Estados Unidos. Fascinante. Quem diria 5 anos atrás que um mestiço de negro com branca e filho de muçulmano iria parar na Casa Branca? Imagino que ninguém. Sem dúvida, a eleição do Obama é por si só positiva para a história da humanidade: Em todo o mundo, desmoraliza o pensamento racista e abala o pensamento fundamentalista religioso. Com o seu perfil globalizado, o Obama representa o mundo integrado do século 21. 

A eleição do Obama e as expectativas que ela gera nos oferece uma ótima oportunidade para refletirmos sobre como funciona o sistema de poder político norte-americano. Ele funciona exatamente como qualquer outro sistema de poder. Ele está inserido dentro de uma lógica de interesses intrinsicamente humana. O sistema de poder político norte-americano funciona através de brigas geradas por interesses conflitantes e através de consensos para a manutenção de interesses coincidentes.

Mesmo parecendo trivial a idéia, vejo que a grande maioria das pessoas discorda, tomando partido em dois extremos opostos.

Há os que pensam que o sistema de poder político norte-americano é imutável e totalmente consensual. Ele funcionaria por si só, e os presidentes seriam meros objetos decorativos. Estas pessoas pensam que a verdadeira política americana é controlada pelos lobbies de interesse privado em Washington, e que idéias estratégicas de longo prazo são moldadas secretamente em Think Tanks pouco transparentes, controlados sabe-se lá por quem.

Eu digo que este pensamento é absurdo. Em qualquer esfera de existência humana há dissidência e não haveria razão para ser diferente dentro dos mais altos escalões de poder norte-americano. Há evidências para se pensar que existem projetos de país diferentes, visões de mundo dissonantes, e interesses conflitantes entre os grupos políticos de Washington. Por exemplo, existem os que ganham muito dinheiro com o petróleo e que por isso não querem mudar a matriz energética do país tão cedo (a turma do Bush), e existem aqueles que ganham pouco com o petróleo e que vêem diversas vantagens em mudar a matriz energética do país(turma do Obama). Outro exemplo, os Republicanos em geral não são favoráveis à criação de um Estado de bem-estar social subsidiado pelos cofres públicos. Os Democratas, ao que parece, querem trazer à tona esta política que surgiu nos anos 1930, e de que muito economista sério discorda. Nestes dois exemplos, o Obama e seu grupo representam uma mudanca em relação ao governo Bush. Não digo que são necessariamente para o melhor, mas representam claramente uma mudança. 

Existem também as pessoas que pensam que a vitória do Obama representa uma mudança radical na estrutura de poder norte-americana, pessoas que acham que os Estados Unidos deixariam de existir do jeito que são hoje.

Estas também estão erradas, porque existe uma medida de verdade em todas as idéias de seus antagonistas. O sistema de poder norte-americano não é imutável mas possui pontos de consenso entre seus atores, pontos que por serem consensuais não mudam. Os lobistas de interesse privado também governam o país, tendo um poder relativo, mas muito forte. Os Think Tanks, mesmo não sendo soberanos, tentam moldar políticas de longo prazo secretamente e algumas de suas diretrizes são seguidas. Se não fosse assim, eles não existiriam.

Além disso, muitas decisões políticas são realmente de interesse nacional. Por exemplo, é de interesse nacional manter a hegemonia militar norte-americana no mundo. É de interesse nacional manter o país economicamente forte (pelo fracasso do Bush na economia, alguns republicados votaram no Obama). Ou serem second to none em ciência. Estes consensos não mudam nunca e nem haveriam de mudar. 

Considerando que o conflito é da essência do ser humano e que a história do homem só evolui através dele, vejo como uma grande virtude do Obama querer ter no seu governo um “time de rivais”, com idéias dissonantes dentro da Casa Branca, baseado na melhor tradição política norte-americana que veio de Lincon — um Republicano. 

Enquanto isso no Brasil, …

A eternidade em um momento

Posted in Uncategorized on janeiro 15, 2009 by fcaneves

365 dias fazem um ano. Este fora o tempo em que não se viram. Ele e ela. Os dois se reencontraram na mais improvável das situações. Numa fila para comprar o bilhete do Metrô. Conversaram no subsolo. 

Ela falou: ‘”Poxa, mas que saudade.”

Eles haviam feito amor. Uma vez. Ele sentiu a sensação de se ver de fora do próprio corpo na hora em que chegaria ao cume de seu espaço sideral, no mesmo momento em que o sino da igreja da bruxa badalou. “Cum.e“, deitados na cama. Ele não saberia dizer em relação a ela, mas o clima de reciprocidade era evidente. Depois deste episódio, nunca mais se viram, pois não esperavam nada um do outro. Até aquele dia … 

Ela falou novamente: “Eu estive na praia dois dias seguidos, no final de semana. Olha só como eu estou preta.”

Tem coisas que não se explica convencionalmente. Ele sabia disso. Por que ela, por quê? Por que razão ela, de outro mundo, fora a mulher mais saborosa e ao mesmo tempo a mais especial que conhecera em todo o percurso de sua vida que já não era mais tão nova assim? Ele não saberia dizer quem ela era, a não ser que fosse um fenômeno da natureza invadindo e destruindo o seu bote salva-vidas, que singra pelo oceano normalmente calmo de sua vida.

Ele falou consigo mesmo: “Mas o que eu posso fazer agora, além de me render à invasão?”

Depois ele falou para ela: “Vamos saltar juntos, no mesmo lugar. Como antes.”

Fizeram amor gostoso durante uma semana inteira. Só para recuperar a eternidade que se passou.

The Technology is the problem: An answer to Asimov

Posted in Uncategorized on janeiro 6, 2009 by fcaneves

This essay is a reply to an assertion made by Isaac Asimov in which he claims that “the only solution to new problems is by further advancing technology” (Numrich, 2002, p. 72). In order to refute Asimov´s assertion, bellow I will define what modern technology is, in contrast with what ancient technology was, according to Martin Heidegger´s reflections on technology on his essay The Question Concerning Technology. Later on, I will reject the Isaac Asimov´s assertion by relating it with the state of modern technology today, again, using the philosophy of Martin Heidegger as a toolset. Concluding, I will point to a possible break of paradigm as far as technology is concerned, a break that can solve the new problems that Asimov has referred to, problems that cannot be resolved inside the old paradign, as pointed out by the heideggerian philosophical view.

According to Martin Heidegger, technology is widespread but it is not neutral. It is a big mistake to think technology as being neutral:

Everywhere we remain unfree and chained to technology, whether we passionately affirm or deny it. But we are delivered over to it in the worst possible way when we regard it as something neutral; for this conception of it, to which today we particularly like to do homage, makes us utterly blind to the essence of technology.”(p.3) Heidegger (1954)

He infers that in order to understand what technology really is, we should investigate its essence, and the essence of technology has drastically changed from the ancient times in Greece, when the science was born, to the modern times on which we live on. The basic idea is that in ancient times technology was used in a way so as to bring to the surface the essence of an object, or it´s Being in heideggerian terms, whereas in modern times technology is used in a way that causes the oblivion of the object´s Being.

On the ancient times, according to the German philosopher, technology was used as a mean to reveal the essence of an object. The goal of the craftsmen or the scientists at that time was not to impose themselves or to dominate an object, but to bring to the surface it´s essence, in order to take advantage of it. Heidegger names this ancient scientific work as “poetic”, because Poiesis in Greek means the act of bringing to the surface something the way it is essentially. In this case, the goal of the craftsmen or scientists was to free the essence of Beings from the “Lethe”, forgetfulness in Greek. Not by chance, the word for truth in Greek is “Alethea”.  As an example, Heidegger remembers the Water wheel, a technological object used in ancient times to generate energy; it was designed so as to reveal the nature of the waterfall in its essence, or its Being. In other words, the Water wheel made the waterfall more “waterfall like” or its river more “river like”, that is to say, more like they are on their essence.

In contrast with the ancient technology lies the modern technology. Modern technology, according to Heidegger, in its essence is manipulative. Its goal is to transform the Nature in a natural resource to be manipulated. As a consequence, modern technology dominates and turns into oblivion the essence of Beings.  (On the evolution of History, it was inevitable to humankind to make technology to be this way. It was a “necessary evil” to dominate nature like that in order to foment the development of large numbers of people.) The main goal of modern technology is to dominate the nature. Nature is transformed into a natural resource that must be manipulated and optimized in order to serve the society. According to Heidegger, the essence of modern technology is to com-pose (Heidegger uses the German ge-stell) the natural recourses so as to be manipulated, processed and optimized for maximum exploration. Following this way, the oblivion of the Being is inevitable. As an example Heidegger remind us the waterfall again. This time a hydroelectric power plant is built and completely destroys the waterfall, turning its essence into oblivion. The goal is not to unveil the essence of the waterfall or the river to generate power anymore. The goal is to transform it in a natural resource, in this case to generate electric power. Even in others perspectives the essence of modern technology is the same here. For instance, the tourism company sees the same river as a natural resource to tourism. The food company sees the same river as a natural resource to create fish. The department of Human Resources of a capitalistic enterprise sees the human being at the same way, as a resource to produce something. How a hospital does see its frozen embryos? It sees it as a “thing”, as a resource to generate revenue. The oblivion of Being is total due to the essence of modern technology.

Isaac Asimov´s assertion must be rejected because the modern technology being the way it is condemns to oblivion the essential meaning of the being and transforms it in a resource that has to be explored. That view of technology is ultimately responsible for recent historical facts very unflattering for our technological society that not long ago was proud to be “Enlighted”. The cruelties of mass killings of innocent people by machines that transform them into videogame-like characters or the frozen embryos´ manipulation targeting the creation of enhanced humans are good examples of what a manipulative technological paradigm (in which in its core manipulate beings into natural resources and turn their being into oblivion) can do.  In fact, modern technology can generate new problems, instead of solving them. These new problems can be psychological, existential, humanitarian, and so on, due to the fact that human beings lost touch with their essential Being. In fact, the human beings know less about their essence now than on the ancient times.

Humankind has been successful. From the ancient times to our contemporary society, it has overcome several difficulties, but at the cost of the actual technological paradigm, exposed above. From the ancient unfolding of the Being to the contemporary manipulation of nature, the essence of technology has come a long way. In my opinion, the technology´s essence may be in verge of changing again, for good. That´s because the “necessary evil” of modern technology was only necessary due to the scarcity of means and goods for the human survival that has happened during History. However, nowadays, human civilization has never produced so much, more than the necessity for its survival. Technologies exist to produce almost everything, from energy to electric cars, from food to computers, without the human sacrifice, with machines. Enviromental concerns may force humans not to see the nature as a mere resource. There is a possibility that in the near future we could live a life more in touch with our essencial Being, more in touch with nature and with another technological paradigm.

 

Chiclete

Posted in Uncategorized on dezembro 13, 2008 by fcaneves

Ele andava pela rua. O relógio marcava quatro da tarde. O dia de verão trazia aquela sensação estranha de melado no corpo, mas ele não ligava. Nem podia dar mínima, era uma criatura muito nova, tina apenas três anos. O bafo quente de um dia de verão, insuportável, dava lugar a uma ventania de chacoalhar tudo na cidade, árvores desfolhando. Vinha chuva por ali. No colo de sua mãe ele sentiu arrepios, se encolheu, se retorceu.

De repente, sentiu, de maneira como nunca havia sentido antes, a força da natureza: “TRUUUUM”. Disse à sua mãe: “TROOOVÃO!”.

O transito estava piorando, aqueles outros dois estavam entediados. Não havia motivos para eles estarem assim, mas eles estavam. Acabavam de sair do estúdio. Gente de fora. Custo alto. Atraso da banda. Mas mesmo assim o dia, que começou ás 5 da manhã, fora produtivo. A gravação saiu. Agora o computador preto, bem melhor que o branco, ia dar uma forma nova forma àquele som. Inédita, esperavam. Mas estavam entediados. Nem estavam escutando nada.

“TROOOVÃO!”.

“O que foi isso?”.

“O que é isso?”.

O menino então, no colo da mãe, lhes oferece o chiclete. “Três por cinco”

O sinal abre. O carro arranca. Os dois estão diferentes. Se entreolham.

“Você ouviu aquilo?”

“Tá brincando? Que sonoridade. Eu nunca ouvi dito daquele jeito”.

Um pegou o gravadorzinho do porta-luvas e repetiu as mesmas notas, a mesma frase.

Uma palavra modulando de cima para baixo e depois para cima normalmente: “TROOOVÃO”

“Isso vai dar samba.”

“Bossa-nova, olha só aqui esta idéia”

Os dois repentinamente começaram a assobiar balançando a cabeça para frente e para trás. Esperavam não esquecer daquilo jamais.

Terra em Transe nos EUA

Posted in Uncategorized on outubro 28, 2008 by fcaneves

As pessoas nos EUA estão como personagens de Terra em Transe, o filme genial e delirante sobre política de Glauber Rocha. Posso estar em qualquer cidade grande daqui. Los Angeles, Nova York, agora estou em Salt Lake City. Percebo que muda a cidade, mas o espírito das pessoas não muda. Aparentemente está tudo quase normal, mas não está. Quando começo a conversar, e, principalmente, a ouvir as pessoas, percebo que há algo de estranho no ar.

É verdade que estou convivendo mais em ambientes universitários, mas nas ruas eu percebo a mesma coisa.

O americano médio está ficando mais pobre. Sou assediado todo o dia por pessoas que obviamente nunca foram pobres me pedindo esmola. Pessoas fortes, algumas velhas, algumas ex-soldados. Procuro conversar com todas porque eu sou curioso.

Converso com uma senhora num ônibus que me diz: “se você ficar doente você está frito aqui, você vai à falência. Eu não tenho mais carro”.

Andando de metrô, ouço jovens discutindo sobre a atitude de um amigo que acha que o melhor é beber como se não houvesse amanhã, porque a economia está screwed. Traduzindo, fodida. Na mesma viajem ouço outros dois discutindo se é melhor servir no Iraque ou no Afeganistão. Um diz que é mais seguro servir no Iraque, mas que o moralmente correto é ir para o Afeganistão.

Nos meios universitários fala-se muito de política. Política. Estamos em véspera de eleição.

Ouço uma discussão com uma mulher, professora, que vai votar no McCain, espumando por causa da posição do Obama na questão do aborto: “Você sabe que o Obama é a favor do Aborto em caso de nascimento parcial da criança ?” (Aborto em gravidez avançada, quando o feto já está formado). Um interlocutor exaltado diz que é o velho truque republicano de desviar o foco do debate de questões pragmáticas para questões morais. Um outro responde à professora: “Você quer ganhar mais dinheiro? Então vota no Obama”. O “debate” descamba para questões fiscais. Mas aí o teatro político de ambos os candidatos é tão grande que todos concordam que não há como defender ou atacar um ou outro.

A TV acusa sensacionalisticamente o Allan Greenspan como um dos culpados pela crise financeira. Traduzindo, o “Alã Espalha-Verdinha”, ex presidente do Federal Reserve. Uma piada pronta.  Tudo muito violento, tudo muito agressivo.

O mais surpreendente – e que me lembra o Terra em Transe – é que nas Universidades as pessoas inteligentes, e são muitas pessoas inteligentes, entendem cada vez mais e falam cada vez mais abertamente de como é o sistema monetário americano. Falam com um certo desconforto de como o Federal Reserve imprime dinheiro metaforicamente. E de como o dinheiro é criado contra uma dívida que depois tem que ser paga com juros. E de como isso enfraquece o país. Falam de como é o sistema monetário fracionário em vigor, em que um banco pode emprestar 90% de dinheiro a mais do que possui. Do nada. E de como isso endivida o cidadão americano, que tem de trabalhar cada vez mais a troco de cada vez menos, e de uma qualidade de vida cada vez menor.

O consenso é que tudo isso é insustentável e levou à crise financeira.

Os mais contundentes dizem que o Federal Reserve nada mais é que um cartel de banqueiros. Banqueiros que são as eminências pardas por de trás do poder. Pessoas que têm mais majestade que o próprio Rei – o presidente – seja ele quem for, sempre.

Numa conversa entre economistas, uma pessoa me dá um tapa nas costas e me diz: “a luta de classes existe meu filho, de que lado você está?”

Eu já vi isso num filme.

Mas quero terminar dizendo que os EUA são um país saudável e modelo para o Brasil. Porque os EUA possuem uma qualidade que nenhum outro país possui em um grau tão elevado: a capacidade de autocrítica.

O mundo de André Midani

Posted in Uncategorized on outubro 6, 2008 by fcaneves

Acabo de ler o divertidíssimo livro de André Midani, um dos homens mais poderosos da indústria fonográfica brasileira e latino-americana. Só para contextualizar, ele foi fundamental no lançamento e no sucesso das carreiras de, entre outros, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben, Luíz Miguel, Ultraje a Rigor e Titãs.

Midani é realmente um indivíduo cosmopolita, cidadão do universo. Com um tino diplomático incrível, ele é uma pessoa que se sente em casa em qualquer lugar do mundo. Nascido na Síria, quando criança estudou com os jesuítas na França, viveu sob a ocupação nazista, e presenciou ao vivo a invasão da Normandia. Quando jovem, fugiu da convocação do exército francês para lutar na Argélia e veio parar no Brasil. Quando adulto no Brasil, revolucionou a indústria do disco daqui e viveu muitas paixões.

Penso que por essas idas e vindas, por todo o drama e pelas aventuras vividas quando pequeno, Midani percebeu desde cedo que não existem verdades absolutas no universo humano. Mais do que isso, ele percebeu logo o sentido trágico da vida e concluiu nietzscheanamente que é aí que está a graça dela. Podem notar, toda pessoa de sucesso possui essa percepção.

Muito interessante é que no livro, por trás de um estilo aparentemente despretencioso, Midani, quase que por acaso e com a maior naturalidade, faz revelaçoes corajosas e até certo ponto bombásticas. Entre muitos outros, cito alguns exemplos:

Numa ilha do Caribe, ele encontra por acaso com um agente da CIA aposentado e bêbado que lhe revela que se divertiu muito com o planejamento e execussão do golpe militar de 64.

Nos anos 70, Midani cede os masters da obra de Caetano e Gil aos respectivos artistas que na época não percebem o que aquilo significa e revendem barato à gravadora.

No Brasil, através de experiências inequívocas, ele constata que tanto governos militares como democráticos têm medo de, estudam, e combatem organizaões populares. Isso aconteceu com o boicote dos bailes suburbanos nos anos 70 e acontece hoje com a repressão às rádios comunitárias.

Enfim, são muitas histórias, muitas histórias. Escritas e vividas por um homem cuja inteligência é peculiar e sofisticada.