Manchete surreal
Deu na capa do jornal O Globo de hoje: “A Bud é nossa”.
Eu não sabia que era dono da Anheuser-Busch, fabricante da cerveja Budweiser. Acho que ela pertence exclusivamente aos seus acionistas.
Imaginemos que eu tivesse ação da Halliburton na Bosla de Nova York — hoje isso é possível e vai ficar cada vez mais — e que eu não tivesse ação da Petrobrás na Bovespa. Eu seria um dos donos da Halliburton e não seria dono da Petrobrás.
A noção de que o povo de um país é dono de uma empresa só porque que ela passa a ser dirigida por um compatriota é simplesmente surreal.
Já disse e repito: o século 21 será marcado pelo enfraquecimento e até desaparecimento do que chamamos hoje de Estado-Nação, que deixará de ter razão para existir.
julho 16, 2008 às 2:50 am
Ri do emprêgo do possessivo “nossa”. Me lembrou “a Copa do
Mundo é nossa!” “O PAN é nosso!”
Será que a mesma notícia veiculada em outras bandas, usaria o possesivo ou será complexo de subdesenvolvido ainda não acostumado à condição de emergente (tem sempre que receber um bafinho no ego)?
Os únicos donos de uma empresa são os seus acionistas, ora!!
julho 19, 2008 às 12:29 am
hahaha… a bud é nossa? bléeee… se ainda fosse a erdinger é nossa ou a guiness. 😉
julho 19, 2008 às 2:48 am
Quando Getúlio Vargas criou a Petrobrás em 1953 o nacionalismo à época era exarcebado (O Petróleo é Nosso!). Hoje a estatal brasileira opera em 27 países, fornece gasolina para a Fórmula 1 e a legislação atual permite a exploração de petróleo e gás por companhias de outros países. Quanta coisa mudou com a globalização. Na verdade os acionistas minoritários não são donos de nada. Eles só tem direito aos dividendos e à subscrição de novas ações. O fato de o presidente de uma empresa estrangeira ser brasileiro não significa nada em termos de nacionalidade. O artigo sobre o assunto é oportuno, real e o parágrafo final diz tudo.